Apesar de tudo eu continuo, mesmo sabendo que não queres mais me ver. E o sol há de brilhar em meu rosto quando despontar no horizonte, quando os pingos de chuva apagarem nossos passos que deixamos sobre a areia do mar.
Eu continuo a viajar, seja para fugir de mim ou para fugir de nós, porque ao fugir de mim sei que estou solitário, como um barco a deriva no meio do mar, como uma folha desgarrada da árvore pela força do vento, e o vento vai secando minhas lágrimas, o vento sabe o quanto eu estou desaparecendo aos poucos.
E eu me ponho na estrada, talvez de volta para onde não tivesse saído, eu volto para o meu abrigo, que é lá onde sempre estive, é lá onde somos todos iguais.
Tuas palavras guardo na memória, e hora ou outra vou ao jardim te buscar, revendo as plantas que me destes, os cactos e as orquídeas, até as rosas que secaram porque não soube cuidar, tudo eu guardo, porque é revendo isso, que eu te encontro aonde não podes estar.